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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Samurais


Um antigo ditado diz: " Assim como a flor da cerejeira é a flor por excelência, da mesma forma o samurai é, entre os homens, o homem por excelência ". A excelência do samurai não se limitava à sua capacidade e desempenho como homem de guerra - eles tinham como premissa serem mestres em artes marciais. Mais do que exímios combatentes, ficaram conhecidos pelo alto grau de disciplina e ética que constituia seu código de conduta, o Bushidô. O Bushidô foi o mais alto grau de exigência ética estabelecido para uma classe guerreira em toda a história.

Um samurai deveria ser corajoso, não ter medo da morte e até procurá-la, se fosse o caso. Sua rotina, seu cuidado com o corpo e alimentação, sua etiqueta de comportamento social, que incluía muito trabalho e pouco divertimento - tudo era voltado para que ele fosse o melhor guerreiro. Se numa classe guerreira qualquer há preocupação com o treinamento militar, imagine para os samurais! Através das artes marciais, era fortalecida tanto a sua técnica quanto o seu espírito. Mais do que acertar um alvo com sua flecha, cortar algo com sua espada ou bater até matar, um samurai sempre visava refinar seu espírito, com a autodisciplina e o autocontrole, para assim estar sempre preparado para as situações mais adversas possíveis.

Tal preocupação com o espírito que ajudou a arte samurai a se salvar de sua extinção na Restauração Meiji (época em que os samurais viraram burocratas a serviço do governo). O Kobudo, como são conhecidos os estilos de combate criados pelos samurais ainda é praticado até nossos dias. A maioria destas artes tiveram versões modernizadas (Gendai Budo) no século XX, como o Kendo, Iaido, Jodo, Judo e Karatê por exemplo. Tanto o Kobudo como o Gendai Budo são praticados hoje em dia, muitas vezes se complementando.

Os Samurais eram a elite militar do Japão feudal que ocuparam o mais alto status social por quase 8 séculos, soldados comuns de infantaria e marinheiros não eram samurais. Originalmente o termo significava "aqueles que servem em estreita assistência à nobreza" utilizado para identificar os servidores públicos civis (burocratas). Com o tempo, os poderosos clãs de samurais se converteram eles mesmos na nobreza e começaram a adotar os costumes aristocráticos como a caligrafia, a poesia e a música. Então o Imperador se tornou uma figura decorativa, o poder real se encontrava agora nas mãos dos Shoguns (general) e seus poderosos samurais.

Os samurais não pagavam impostos e tinham o direito de executar qualquer plebeu que lhes faltasse com o respeito. Eram os únicos que podiam portar espadas. Como os aristocrátas de fato durante séculos, os samurais desenvolveram sua própria cultura que influenciou a cultura japonesa em conjunto. Em geral, os samurais tinham uma taxa muito alta de alfabetização, bem acima dos padrões ocidentais para a época. Um samurai que não pertencia a um clã e não tinha um daymio (senhor feudal) a quem servir era chamado de ronin e estava destinado a vagar pelo país a procura de trabalho.

Os guerreiros (bushi) samurais se intitulavam os seguidores do "Caminho do Guerreiro" ou Bushido. Consideravam que o caminho do guerreiro era uma honra, ressaltando o dever a um daymio e a lealdade até a morte. O bushido fornecia os valores que regiam a vida do samurai, especialmente a honra e a coragem, pelos quais um samurai era capaz de morrer ou matar. Morrer em uma batalha ou duelo significava honrar o nome da família e de seus ancestrais, mas falhar em defender seu daymio ou ser considerado desonrado por seu clã era motivo para cometer o Seppuku ou Harakiri, suicídio ritual que tinha por finalidade recuperar a honra perdida. O ritual era rigidamente ordenado, o samurai devia tomar um banho para se purificar, escrever um último poema e sentar-se em um acento especialmente preparado para que não caísse ao morrer. Então ele devia fazer um profundo corte em todo o abdômen, puxando para cima no final. A morte era lenta e dolorosa, mas era preferível morrer com honra a viver sem ela. Se o samurai fosse merecedor ele poderia ter o auxílio de outro samurai ao final do ritual que cortaria a sua cabeça para acabar com o seu sofrimento.

O Zen Budismo foi difundido entre os samurais no século 13 e ajudou a moldar as suas normas de conduta, sobretudo superar o medo da morte. As filosofias do Budismo e do Zen, e, em menor medida o Confucionismo e Xintoísmo, influenciaram a cultura samurai. A meditação Zen se tornou um importante ensinamento como um processo para acalmar a mente. O conceito budista da reencarnação e renascimento levou os samurais a abandonar a tortura e matança desnecessárias, alguns samurais chegaram mesmo a desistir da violência e se tornaram monges budistas

As Mulheres
A manutenção do agregado familiar era o principal dever das mulheres dos samurais. Isto era especialmente crucial no início do Japão feudal, quando os maridos guerreiros viajavam frequentemente ao estrangeiro ou se envolviam em batalhas entre os clãs. A esposa, ou okusan (aquela que permanece em casa), era deixada para gerir todos os assuntos domésticos e financeiros, cuidar das crianças, e até mesmo defender a casa. Por este motivo, muitas mulheres da classe samurai foram treinadas no manejo de uma arma chamada naginata ou uma faca especial chamada kaiken que poderiam utilizar para proteger seu agregado familiar e sua honra se necessário.

As Armas
No século 14 um ferreiro chamado Masamune desenvolveu uma técnica de fabricação de estruturas duras e flexíveis de aço para ser usada em espadas. Surgia a poderosa katana, a espada samurai, considerada até hoje uma das melhores espadas do mundo. O samurai utilizava diversas armas, mas a katana era a arma que era sinônimo de samurai. Após o nascimento o filho de um samurai recebia sua primeira espada. Esta espada, porém, era apenas simbólica, coberta de brocado a qual era anexada uma bolsa ou carteira, usada por crianças com menos de cinco anos. Após atingir a idade de treze anos o menino recebia a primeira espada e armadura verdadeiras e um nome adulto, tornando-se um samurai.

Além da esgrima (kendo), o samurai também devia dominar as artes do arco-e-flecha (kyudo), a luta corporal desarmada e o manejo da lança. Na luta corporal desarmada os samurais criaram um sistema de luta baseado em alavancas, utilizando pouco esforço para chaves e estrangulamentos, que não enfatizava chutes nem socos porque, durante as batalhas, esses guerreiros japoneses usavam poderosas armaduras, contra as quais chutes e socos eram muito pouco efetivos. Utilizavam golpes de articulação, como torções de braço, tornozelo e estrangulamentos, para imobilizar o oponente. Este sistema deu origem a modernas artes marciais como o Judô, o Jiu-jitsu e o Aikidô.


As batalhas
Em duelos ou nos campos de batalha havia um extenso ritual a ser cumprido antes de lutar. Na batalha, um samurai galopava até o inimigo para anunciar sua ascendência, uma lista de feitos pessoais, bem como as façanhas de seu clã. O mesmo acontecia nos duelos, os samurais se apresentavam, reverenciavam seus antepassados e enumeravam seus feitos. Somente após estes rituais eles entravam em combate. Não eram comuns ataques de surpresa ou sorrateiros, pelas costas, pois os samurais consideravam estas táticas desonrosas. Por isso, quando um governante necessitava de serviços onde fosse necessário utilizar de sutileza e furtividade era necessário chamar um Ninja, um gerreiro quase tão poderoso quanto um samurai, mas que não estava atrelado ao rígido código de honra do bushido.

Os samurais e os ninjas estavam em extremos opostos (o que não impediu que alguns samurais se tornassem ninjas secretamente), pois os samurais eram oriundos de famílias nobres e tradicionais e ligados aos senhores feudais aos quais deviam obediência, enquanto os ninjas eram pessoas comuns, a maioria camponeses, e deviam obediência apenas aos seus clãs. Assim como os samurais, os ninjas também pertenciam a um grupo familiar, eram treinados deste a infância nas artes militares e também obedeciam a um código de honra, porém bem mais flexível que o dos samurais.

Em tempo de paz, o samurai se dedicava a religião, a família e as artes, bem como ao estudo e a prática da caligrafia.

Oss !

Fonte:
Revista História Viva
Hagakure - O livro do samurai
Go Rin No Sho - Miyamoto Musashi

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