HISTÓRIA





KARATÊ


Castelo de Shuri, em Okinawa


Uma arte marcial antes praticada secretamente na Ilha de Okinawa (sul do Japão) por pessoas comuns que estavam proibidas de portar armas, e por isso se defendiam de mãos vazias, fazendo uso destas, dos cotovelos, joelhos e pés.

Os estilos de Karate mais praticados atualmente são:

EstiloFundadorData Oficial
ShotokanGichin Funakoshi1922
Wado-RyuOtsuka Hironori1935
Goju-RyuMyagui Chogun1935
Shito-RyuMabuni Kenwa1936
Shorin-RyuChoschin Chibana1960

As diferenças entre os estilos são baseados nos locais de origem.

Haviam três principais núcleos de "Te" (mãos) em Okinawa. Estes núcleos eram as cidades de Shuri, Tomari e Naha. Conseqüentemente os três estilos básicos antes de receberem os nomes mencionados na tabela acima, tornaram-se conhecidos como Shuri-Te, Tomari-Te e Naha-Te.

A seguir vamos mencionar os nomes dos mestres que desenvolveram e ensinaram o Karate nas cidades de Shuri, Tomari e Naha.



Shuri-te

SakugawaSokon MatsumuraAnko Itosu
SakugawaSokon MatsumuraAnko Itosu

O primeiro deles, Shuri-Te, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon "Bushi" Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-1915).
Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-te foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar Shotokan, Shito-Ryu , Shorin-Ryu e Wado-Ryu.


Tomari-te

Kosaku MatsumoraChokki MotobuChotoku Kyan
Kosaku MatsumoraChokki MotobuChotoku Kyan

Tomari-Te foi desenvolvido juntamente por Kosaku Matsumora (1829-1898) e Kosaku Oyadomari (1831-1905).
Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871-1944) e Oyadomari ensinou Chotoku Kyan (1870-1945) - dois dos mais famosos professores da época.
Até então Tomari-Te era largamente ensinado e influenciou tanto o Shuri-Te como o Naha-Te.


Naha-te

Seisho ArakakiKanryo HigashionnaChojun Miyagi
Seisho ArakakiKanryo HigashionnaChojun Miyagi

Seisho Arakaki (1840-1920) desenvolveu o Naha-Te, e o estilo tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higashionna (1853-1916) e seu mais famoso aluno foi Chojun Miyagi (1888-1953).

Miyagi também foi à China para estudar. Mais tarde ele desenvolveu o estilo conhecido hoje por Goju-Ryu.

Sendo assim, resumindo temos que:

Da cidade comercial de Naha (Okinawa) surgiu o Naha-Te (mão do norte ou estilo do norte), sistema de luta que dava ênfase à força, deu origem ao estilo Goju-Ryu de Karate.

Da cidade portuária de Tomari (Okinawa) surgiu o Tomari-Te (mão do centro ou estilo do centro). Sistema de luta que, na verdade, era uma fusão dos estilos de Shuri e Naha.

Da capital Shuri (região Sul de Okinawa) surgiu o Shuri-Te (mão do sul ou estilo do sul), sistema de luta que valorizava a velocidade.

Shuri-te e Tomari-te deram origem aos estilos Shorin-Ryu, Shotokan, Shito-Ryu e Wado-Ryu.

Porém, o sistema de luta desenvolvido em Okinawa era conhecido além das fronteiras como Okinawa-Te (mão de Okinawa).

Este nome manteve-se, até por volta de 1936, até que, com o evento do "conflito sino-nipônico" (Guerra entre a China e o Japão) foi criada a palavra "Karate" (mãos vazias) e um grande mestre da época, Gichin Funakoshi, considerado o Pai do Karate moderno, criador do estilo Shotokan, adotou esta palavra para substituir a denominação do Okinawa-Te, permanecendo então até nossos dias como Karate.
Gichin Funakoshi
Gichin Funakoshi
Este mesmo mestre, incrementando sentido espiritual e filosofia de vida ao Karate, adicionou a palavra Do (caminho, vereda espiritual), ficando conhecido como Karate-Do (O caminho das mãos vazias).

O passo seguinte foi a adoção do karate-gui, um uniforme igual para todos, branco, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas pretas) similar ao que era usado no Judô.

No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-Do como arte marcial.

Existem ainda outros estilos derivados, posso citar o estilo Kyokushin, que foi criado no ano de 1961, no Japão, por um coreano de nome Hyung Yee, que se naturalizou japonês e mudou o nome para Masutatsu Oyama (1923-1994).
Masutatsu Oyama
Masutatsu Oyama




O Estilo Shotokan

Shotokan (松涛館) é uma escola de Karatê criada por Gichin Funakoshi (1868-1957). Inicialmente o Mestre Funakoshi não acreditava em criação de estilos e sim que todo karatê deveria ser um só, mesmo com as diferenças naturais de ensino que variam de professor para professor. Shoto era como Funakoshi assinava seus poemas, significa pinheiros ondulando ao vento e kan significa edificação ou salão.

Os alunos de Funakoshi construíram um dojo (道場, lugar do Caminho) em sua homenagem e o chamaram de Shotokan (Edifício de Shoto). Acredita-se que a origem do nome do estilo seja essa. O Shotokan foi destruído durante um bombardeio na 2ª Guerra Mundial.

O estilo Shotokan caracteriza-se por bases fortes e golpes no corpo inteiro. Os giros sobre o calcanhar em posição baixa dão fluidez ao deslocamento e todo movimento começa com uma defesa. Este é um estilo em que as posições têm o centro de gravidade muito baixo, e em que a técnica de um "simples" soco direto, pode nunca ser dominada, e só o é com muitos anos de treino, mas quando a técnica é dominada o seu poder é incrível e quase sobre-humano.
No Karatê Shotokan são levados a sério fatores como a concentração e o estado de espírito, pois sem concentração e um estado de espíritoconsideravel, a técnica de pouco serve, devendo estes dois atributos expandirem-se com a pratica e determinação.
As principais bases do estilo Shotokan são: HEIKO-DACHI, KAKE-DACHI, KIBA-DACHI, KOKUTSU-DACHI, TSURUACHI-DACHI, MUSUBI-DACHI, NEKOASHI-DACHI, SANCHI-DACHI, SHIKO-DACHI, UCHINACHIJI-DACHI E ZENKUTSU-DACHI. Sendo que as bases fundamentais, presentes na maioria dos katas são: Zenkutsu-dachi, Kokutso-dachi e Kiba-dachi.

Possui 26 katas (ou forma, trata-se de uma sequência de movimentos contra 4 ou mais adversários executados de tal forma sincrônica), seguindo ainda um método de ensino que divide a aula em três partes (o já citado kata, o kumitê e o kihon.).

Os katas auxiliam o iniciante a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentar-se, defender-se e atacar. Os praticantes entendem os segredos da arte, que só são aprendidos mediante prática exaustiva.
O Karatê Shotokan está dividido em 8 faixas (obi) num total de 19 níveis (9 kyu + 10 dan):
  • Branca (9º Kyu)
  • Amarela (8º Kyu)
  • Vermelha (7º Kyu)
  • Laranja (6º Kyu)
  • Verde (5º Kyu)
  • Roxa (4º Kyu)
  • Marrom (3º a 1º Kyu)
  • Preta (1º a 10º Dan)
Para cada nível existe um tipo diferente de kata, kumite e kihon a ser aprendido pelo praticante, exceto a partir do 1º Dan, no qual os katas e os kihons mudam.

Kyu significa classe, sendo que essa classificação é em ordem decrescente. Na classificação de faixas pretas, Dan significa grau, sendo a primeira faixa preta a de 1º Dan, a segunda faixa preta 2º Dan e assim por diante em ordem crescente. Em um plano simbólico, o branco representa a pureza do principiante, e o preto se refere aos conhecimentos apurados durante anos de treinamento.



Uma breve história do Karatê na Bahia 





O crescimento da prática do Karatê no Estado da Bahia, possibilitou a criação, em 23 de outubro de 1972, a Federação Bahiana de Karatê – FBK, com o apoio dos três clubes mais antigos de Salvador: o Acrópole, a ASKABA e a AAB – Associação Atlética da Bahia.

O Coronel Bião, na época Major, Denílson Caribé e Fauzi Abdala, juntamente com outros faixas pretas, tiveram a idéia de fundar a federação de Karatê para que o esporte tivesse mais liberdade e pudesse crescer com mais rapidez. Os clubes existentes, naquela ocasião, reuniram-se e resolveram fazer uma chapa única. Para dirigir a Federação Bahia de Karatê – FBK foram eleitos como presidente, o Major Antônio Bião Martins Luna, como vice-presidente, o Sr. Fauzi Abdala João e Denílson Caribe como Diretor Técnico, Secretário o Sr. Zenas Miranda de Carvalho. A ata de fundação da FBK foi feita pelo Sr. Pedro Ivo Bacelar.

Durante essa primeira gestão Denílson Caribé instituiu a Banca Examinadora Especial para graduações até Faixa-Marrom, composta pelos professores Denílson Caribé (presidente), Alberto Fonseca, Ivo Rangel e Aser Fernandes - os três últimos com graduação universitária em Educação Física. Apenas as graduações para faixa superiores continuaram a ser feitas por bancas compostas por professores indicados pela Nihon Kiokay Karatê - NKK, geralmente vindos do Rio de Janeiro. Com essa providência, a Bahia, através de Denílson Caribé, desenvolveu um programa para exame de faixas, até faixa marrom, com estágios e carga horária estabelecidos, além do ordenamento dos quesitos para cada graduação, a ser cumprido por todos os clubes. Esse programa, mais tarde, foi adotado por outros estados brasileiros.

O primeiro campeonato baiano disputado fora da capital, foi realizado na cidade de Ilhéus, no ano de 1977; o IX CAMPEONATO BAIANO DE KARATÊ foi o segundo realizado pela FBK. O Campeonato Baiano que reuniu atletas das categorias juvenil e adulto superou todas as expectativas, não só pela quantidade de atletas que se deslocaram de Salvador, Senhor do Bonfim, Irecê, como pela qualidade apresentada e pelo esforço da Comissão Organizadora que foi coroado de êxito total. A Mesa Diretora esteve constituída pelo Coronel Antônio Bião Martins Luna e pelos senhores Zenas Miranda de Carvalho, Estácio Moreira Pinto, o Sargento Bezerra, entre outros.

A parte técnica foi comandada pelo professor Yoshizo Machida, assessorados pelos senhores Almir Aleluia de Oliveira, Raimundo Santana Veiga, Manoel Antônio Quadros Aguiar, Milton Mucarzel Leovogildo, Júlio César Dórea Gusmão, Ivo Rangel da Silva e Denílson Caribé de Castro. As equipes estavam formadas da seguinte maneira:

Salvador com a Associação de Karatê da Bahia - ASKABA, Clube de Karatê Acrópole; Clube de Karatê de Ilhéus; Bonfim Karatê Clube e Irecê Karatê Clube.

ASKABA – Técnico Denilson Caribé de Castro; Atletas adultos: Adelmo Luiz Santos de Castro, Eládio Manoel de Aleluia, Edvaldo Santos Machado, João Gomes dos Santos, Aser Fernandes Macedo Neto, Wilson Martins Borges, Djalma Caribé de Castro e Jorge Luís Contreiras Santos. Juvenis: Marcos Fontes Barreto Dantas, Marcelo Fontes Barreto Dantas e Roberto Gibson Ferreira Costa.

ACRÓPOLE – Técnico Antônio Souto Aderne; Atletas adultos: Eckner Pereira Cardoso Sobrinho, José Carlos Mendes da Silva, Sérgio Antônio Matos Nascimento, José Firmino Bonfim, Jorge Luiz de Oliveira, Álvaro Raimundo Gonzaga de Menezes e Carlos Eugênio da Silva Júnior. Juvenis: Gilson Cortes, Ubirajara Rangel e José Carlos Ribeiro.

Clube de Karatê de Ilhéus – Técnico Júlio César Dórea Gusmão; Atletas adultos: Eduardo Damásio, Jorge Oliveira da Costa, Francisco Inajá Bezerra Oliveira, José Ubiratan Bezerra Oliveira, Giovani Costa Silveira Mota e Luiz Carlos Barreto Figueiredo. Juvenis: Euller de Medeiros Azaro Filho, Edmo Guanaes Filho e Carlos Alberto Assunção.

Bonfim Karatê Clube – Técnico Paulo Raimundo Martins Bartilotti; Atletas adultos: Amadeu Pereira dos Nascimento, Paulo Roberto Rodrigues da Silva, Cleuber Lima Borges e Antônio
Augusto Gomes da Silva. Juvenis: Nadson Novaes de Almeida (faixa rôxa), Euler Silva Caribe (faixa rôxa) e Mauricio Gonçalves Menezes.

Irecê Karatê Clube - Técnico Fernando Raimundo Rocha dos Santos; Atletas adultos: Jorge Luiz, Renan Rocha Alves, Adalício da Rocha Pires de Almeida, Natan Fernandes Silva e Fernando Rocha.

Em 1977, foi realizado, na Bahia, o primeiro exame para faixa-preta, sob a direção da FBK, o qual foi presidido pelo Coronel Antônio Bião Martins Luna, secundado pelos Diretores Fauzi Abdala João e Nigro Santana, enquanto a banca Examinadora constituiu-se dos Professores Denílson Caribé de Castro e Yoshizo Machida. Neste exame foram aprovados os seguintes atletas:

Eckener de Pereira Cardoso Sobrinho, do Acrópole; Elias Borba Neto, do Acrópole; Roberto Gibson Ferreira Costa, da ASKABA; Macio Fontes Barreto Dantas (infanto-juvenil), da ASKABA e para 2º Dan, Fernando Raimundo Rocha dos Santos, do Irecê Karatê Clube. O atleta Sérgio Antônio Mattos Nascimento, doAcrópole e, integrante da Seleção Baiana, submeteu-se e foi aprovado no exame de faixa roxa para faixa marrom.

O primeiro exame para faixa preta do sexo feminino foi realizado na Bahia pela FBK. As duas primeiras mulheres baianas a se graduarem foram: Amanda Rita Bacelar Pires, infanto juvenil, pela ASKABA e Magaly Mary Fontes, adulta, pelo Acrópole, no dia 29 de julho de 1979. A banca examinadora foi composta por Denilson Caribé e Yoshizo Machida.

A Federação de Karatê-Do Tradicional da Bahia – FKTB foi fundada no dia 20 de fevereiro de 1988, às 20h e 30 min, com a participação de dez clubes recém-saídos da FBK. A primeira diretoria teve como presidente o Sr. José Ambrozi, vice-presidente o professor Antônio Aderne e como diretor técnico o professor Eckener de Pereira Cardoso Sobrinho. A Federação de Karatê-Do Tradicional da Bahia – FKTB, já nasceu forte, com dez clubes, a saber: Drakon Associação Desportiva, do professor Sérgio Bastos (Serginho); SESC-Serviço Social do Comércio, do professor Sérgio Bastos; Garra Karatê Clube, do professor Temístocles Saldanha; Associação Desportiva Esparta, do professor Eckener Cardoso; ACAL – Associação de karatê Arte e Luta, do professor Antônio Aderne; ASKARAM – Associação de Karatê Ramos, do professor João Ramos; Associação Desportiva Arte, do professor Jorge Contreiras; Associação Desportiva Reflexo, do professor Enobaldo Ataíde; Maragogipe Karatê Clube, do professor José Ambrozi .

A Federação de Karatê-Do Tradicional da Bahia – FKTB foi fundada através de alvará de funcionamento do Conselho Regional de Desportos (CRD) e registro na Secretaria dos Esportes da Presidência da República. A legitimidade da Federação de Karatê-Do Tradicional da Bahia – FKTB está amparada na Lei n.º 8.672/93 (Lei Zico) e no Decreto Presidencial 981/93, onde é permitida a criação de entidades de organização esportiva em todo o território nacional.

A Federação de Karatê-Do Tradicional da Bahia – FKTB realizou o seu primeiro campeonato estadual em 1988 e participou do primeiro campeonato nacional, no Rio de Janeiro, em 1988, ficando com o 1º lugar em Kumitê com o atleta Álvaro de Paula, 1º lugar em Kata com o atleta Enobaldo Ataíde e 3º lugar em Kata Feminino com a atleta Mara Burak. Nos dez campeonatos seguintes, de 1989 a 1998, na classificação geral, a Bahia ficou três vezes no 3º lugar, uma vez no 2º lugar e seis vezes no 1º.

Os principais atletas veteranos da Federação de Karatê-Do Tradicional da Bahia – FKTB são:

Sérgio Bastos, Enobaldo Ataíde, Álvaro de Paula, Mara Burak, Carlos Alberto Assunção (falecido), Luiz Eduardo Sena, Elias carvalho, Isac Andrade, Maria das Graças (ASSAMACA), Tereza Batista (SESC), Valdir Silva, José Marcelo Pereira, Karine Conceição, Janete Ataíde, Ana Cláudia, Ricardo Sena, Temístocles Saldanha, Taciana Gomes, Sérgio Araújo, Paulo Roberto Oliveira, dentre outros e os que se destaca (2000) são: Ronaldier Nascimento, Lélia Batista, Indira Dias, Elsimar Alcantâra, Helton Aragão, Maria das Graças Machado, José Marcelo, dentre outros.