segunda-feira, 21 de maio de 2012

Inclusão do Karatê nas escolas ( Parte II ): Função do Karatê na educação integral do cidadão

Dando continuidade ao tema do Karatê Budô nas escolas, segue a segunda parte; para quem não leu a primeira parte, clique no link:  Inclusão do Karatê-Dô nas escolas ( Parte I )




O Karatê nas escolas tem um papel idêntico ao da educação física ( ou deveria ter ); usar o esporte como instrumento de educar, valorizar atitudes e comportamento que estejam a favor da ética, moradia, solidariedade, cooperativismo, respeito, disciplina, que vão ter uma grande influência na formação da personalidade e consequentemente reflete no futuro do cidadão.
  Através do controle das emoções, os adolescentes se frustam, ficam enraivados, explodem em emoções, limitam-se, ficam envaidecidos, intimidam-se com a prática de determinados esportes seja coletivo ou individual; pelo Karatê ,da mesma forma, só que o professor deveria mediar estas emoções e colocar de forma aberta quando surgir, justificando atitudes invejáveis e aproveitando para tocar no assunto do controle emocional e as diversas formas de sentimento que o ser humano está sujeito, mas, precisa ficar atento para trabalhar estas emoções de forma natural e superá-las.
  É comum o sentimento de medo, raiva, vaidade, orgulho, inveja, dentro de uma prática de artes marciais, mas, o grande chavão é como lhe dar com estes sentimentos para não virar trauma, limitações ou impedimento para que possa continuar a praticá-lo mais uma vez o professor deve estar atento e preparado para a discussão e o debate sobre o sentimento em questão, sem constrangimento para qualquer uma das partes envolvidas; histórias, revelações de momentos e passagens da vida do professor facilitam a compreensão da situação, dando um momento para a reflexão e colocação de opiniões do grupo e dos envolvidos num tema emergente que às vezes enriquecem as aulas na construção de idéias e valores que o acompanharão pelo resto da vida.
  No Brasil, recentemente tivemos por ocasião do XVIII Jogos Escolares Brasileiros (JEB). Nela reconhece-se o equívoco dos objetivos até então perseguidos neste sentido, sob a forma de jogos escolares, nos quais reproduzia-se a exaustão os elementos negativos inerentes à competição infanto-juvenil.
  Além disso sugerem-se novos caminhos a serem seguidos, de forma a serem respeitadas as peculiaridades da criança e alcançar-se uma carência com objetivos educacionais mais amplos de que a Educação Física e o esporte deveria se inverter. A seguir, reproduzo alguns trechos desta carta.
  " O Esporte na escola, cedendo lugar ao esporte de performance e permitindo o direcionamento (...) à busca do auto rendimento e de uma frágil revelação de talentos, distanciou-se dos princípios e valores inerentes ao (...) Esporte Educação (ibid.p1)
  Mais adiante, consideram-se três pontos fundamentais:

a) " ... o direito de cada um ao esporte abrange (...) portadores de deficiência e superdotados e (...) deve obedecer a preceitos distintos" (id);

b)" ... no Brasil as (...) manifestações de Esporte-Educação foram, na sua maioria reproduções do esporte institucionalizado" (id.).

c) " ... o Esporte (...) em suas diversas manifestações é um dos elementos-chave no processo de permanente educação para o direito inalimóvel ao lazer" (id.)

  A partir daí algumas recomendações foram feitas, que vão de encontro ao aqui defendido. Mais uma vez tomo a liberdade de transcrever algumas delas:

a) " ... que o esporte na escola seja concebido não como (...) veículo de transmissão de conteúdo, mas, como (...) ação de criar e recriar a cultura, a partir da qual são constituídos valores e propostas de sociabilidade" (id.);

b) " ... que o esporte na escola desvincule-se (...) das competições que superestimando o confronto (...) buscam exclusivamente rendimento (id.).

  A citada carta brasileira do esporte na escola ( op. cit. ) em sua recomendação número cinco, propõe que: " ... seja incentivada a formação adequada de professores de Educação Física, garantindo-lhes competência técnica, política, pedagógica e científica para a execução de (...) programas (...) atendendo aos interesses e necessidades (...) dos estudantes (ibid p.1)
  Portanto, nota-se transcrito que o planejamento e execução de programas visando, acima de tudo, o engajamento de crianças e adolescentes em atividades corporais para o presente e para o futuro ( na escola o fora dela ) é uma questão que extrapola os limites de uma saúde entendida como prevenção e tratamento de problemas orgânicos. Trata-se de uma questão de cidadania. Só assim poderemos construir com o educando a noção de oportunidade na forma da cultura corporal quando das horas de lazer constitui-se em um direito, tão fundamental quanto o acesso à educação, saneamento básico, saúde ou transportes públicos pelo qual vale a pena lutar.


Fonte: 
Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
Departamento de Educação - Campus II
Curso de Especialização Metodologia em Educação Física e Esporte
Karatê Enquanto Conteúdo Escolar no CEFET-BA - Ensino Médio